ETERNA CRIANÇA
- Iêda Lima
- há 1 hora
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Neste Dia da Criança, 12 de outubro de 2025, acordei pensando como minha criança tem me acompanhado em todos os meus anos de 76 anos de vida. Ao acessar a minha memória, dei-me conta que a minha vida infantil foi mais ocupada por ajudar a minha mãe a cuidar dos seus afazeres domésticos e dos irmãos mais novos, do que apenas brincar, algo essencial para a formação de um ser humano. À época, os meninos podiam sair à rua, onde raramente passava um carro, para soltar pipas, apostar com bolas de gude, competir com e correr atrás de tanajuras para assá-las ou brincar de pega-pega ou cabo de guerra.
As mulheres só podiam olhar da porta, que era dividida ao meio, pondo uma cadeira para ver as brincadeiras por cima da meia porta de baixo. Isto me fez lembrar do dia em que tentei ver as fogueiras, que à época podiam ser acesas na frente das casas, pois não havia asfalto. Nessa casa, a qual para entrar tinha que subir três degraus, acabei caindo lá embaixo e desmaiando. Quando acordei estava nos braços da minha mãe, com vizinhos ao redor. Não sei por qual motivo não vi meu pai. Mas tenho certeza de que ele estava lá, pois nós tínhamos acabado de jantar pamonha, canjica e outros delícias que ele havia trazido da padaria e repartido por igual, para cada um dos filhos à época.
Em geral, a minha lembrança tem a marca de estar sozinha. Com exceção de momentos em que eu e minha irmã, mais nova do que eu um ano, sentava junto comigo para assistirmos nossa “TV”. Eram as lagartixas que ficavam à espreita de mosquitos, para se alimentarem, na parede da salinha onde nosso pai escutava “A voz do Brasil”, seu noticiário mais acessível.
O restante do tempo era dividido entre as tarefas escolares, que eu adorava, lavar louça, arrumar camas, varrer e lavar a casa e cuidar dos irmãos mais novos.
Quando fui crescendo, passei a ajudar na secagem de roupas de cama, usando balaio em cima do fogão de brasas, depois do almoço, para poder repor os lençóis pois não tínhamos reposição. Como fui asmática quando criança e adolescente, quantas vezes acordei de madrugada e passei para uma rede, para meio sentada poder respirar! Na maioria das vezes, preferia sentar-me à mesa e estudar.
Talvez por essa esquisita experiência, como mãe e como avó não tenha conseguido ser o melhor que poderia ter sido. Mas, pelo carinho que tenho recebido e por estar aprendendo a brincar com meus netos mais novos, estou cada vez mais feliz, em comemorar este dia comigo e com os meus amores. Viva do Dia das Crianças! Comemore seu dia também!

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