Como dizia Carlos Drummond de Andrade, “a vida necessita de pausas”. Eis-me numa delas, na última semana do Advento, que me permite olhar pelo retrovisor de 2023, mantendo a atenção na estrada ainda desconhecida de 2024.
Observo sob duas perspectivas: a do meu país e do mundo, feitos de um coletivo de pessoas, onde estou inserida e que formam meu ambiente de vida; e a individual, sobre a qual tenho mais liberdade e autonomia para decidir seus rumos.
Com as lentes da primeira, vejo guerras e ameaças à paz mundial, iniciadas e mantidas por seres desprovidos de maturidade e nobreza espiritual; crianças pedindo gás, comida e consulta oftalmológica, em cartinhas ao Papai Noel; aumento de moradores de rua, pelo país afora; crime organizado do tráfico de drogas e armas dando provas de que se organiza cada vez melhor, infiltrando-se nas instituições do Estado; surgimento de novas milícias, prometendo fazer justiça com as próprias mãos, aproveitando-se da contaminação dos órgãos de segurança; e redes sociais servindo ao espantoso recrutamento de jovens, por mentes sombrias e de cunho nazifascistas.
Mas vejo também líderes trabalhando para manter a tão necessária paz no mundo, seja pela redução da fome e das desigualdades ou pela prática de uma diplomacia exemplar; o controle responsável da destruidora inflação, algo que não desejo nem para o pior inimigo; cidades pulsando de trabalho, cultura, arte, literatura, música e tudo que significa as melhores expressões do ser humano; organismos da sociedade civil lutando pelo estímulo ao letramento e à leitura, condição para nos apropriarmos do nosso passado e nos defendermos da idolatria e da mentira; jovens homens e mulheres traçando seus caminhos profissionais, na corda bamba da fluidez e incertezas de um mercado de trabalho em mutação; e mulheres ocupando seus espaços nas empresas, na literatura e nas artes em geral, com seu olhar sensível.
Troco de lentes e me vejo frustrada, por não ter atingido meu objetivo, de concluir o livro que iniciei nos primeiros meses da pandemia de Covid-19; e triste por ter perdido parte da visão do meu olho direito, por uma deformação na retina.
Contudo, me vejo assumindo a Cadeira nº 34 da Academia de Letras de Campina Grande, Paraíba; publicando artigos, quinzenalmente, no jornal paraibano A União, resgatando vida e obra de personalidades paraibanas; comemorando meus 75 anos de vida; organizando dois eventos e um livro de família, no ano do centenário do meu pai, Otávio; abraçando minha mãe, nos seus 94 anos de vida; e alimentando, estimulando e apreciando encontros familiares e entre amigos, deixando-me com a sensação de que, sim, o saldo de 2023 foi arretado!
Que venha 2024!!! Será recebido com carinho, coragem e esperança, graças à luz e à energia que reinará neste Natal. A você, que esteve comigo na estrada da vida, em 2023, meus votos de que sigamos escolhendo os melhores caminhos, em 2024.
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