Feliz por ter voltado para casa, ver o sol, as nuvens, as árvores, os pássaros, as pessoas caminhando, a vida, depois de uma temporada na UTI, para retirada de um tumor no crânio.
Havia um convite para escrever algo! Mas como o invasor havia se instalado na área de memórias da língua materna, as palavras brincavam de se esconder, fantasiavam-se de outras, fui sendo obrigada a empurrar para 60 dias depois.
Finalmente!
A experiência que eu passei em uma semana, no Hospital Santa Luzia, foi algo incrível. Senti que fui uma ferramenta para que meus filhos, genros e noras, netos, irmãos e toda a família por trás deles, além dos incontáveis amigos, ativassem o amor e a doação que estão dentro de cada um.
Foi também um momento de reflexão e descoberta para sentir-me segura, querida e respeitada por tanta gente.
Ouvir do amigo Douglas Ono um “Muito lindo ver todo mundo unido ali ao seu lado...Nossa missão daqui pra frente é unir as pessoas...porque a vida terrena é muito frágil...mas o nosso espírito continua; importante a gente valorizar...é isso que você sempre fez com tanta garra, tanta força!
Da amiga Lucila, uma colombiana de coração brasileiro: “...Agora é um momento também de reflexão muito legal para você se sentir segura de como é querida e respeitada por muita gente...A vida continua com seus desafios e, também, nas belezas que sabemos aproveitar.
Vejo a vida sempre com todos os detalhes que você sabe que amo muito, de coisas muito simples...Assim que é a vida.”
Em novembro de 2024, quando eu participaria da Feira Literária de Campina Grande e conduziria uma mesa com dois autores internacionais, além de rever minha mãe – que completou 95 anos dia 31 de dezembro – e rever familiares que moram em Campina Grande, João Pessoa e Recife, uma pedra desceu morro abaixo e suspendeu minha trilha.
Havia outro plano nessa etapa da minha vida. Nele, a memória consciente e subconsciente veio à tona e choveu demasiado, me encharcando. Mas o sol rompeu aquelas nuvens escuras, clareou minha rota e pude replanejar a caminhada, após cuidar dos meus pés e me alimentar.
Transformei esta etapa em um presente da vida, na qual meus filhos Luisa, Otávio e Liliane e os seus queridos companheiros e filhos mais velhos foram fundamentais.
O título desta crônica foi criado pelo meu genro Zeus, quase um filhote, casado com minha filha mais nova, Liliane.

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