Motivações - Elizabeth Marinheiro
- Iêda Lima
- 9 de abr.
- 2 min de leitura
Motivações, de Elizabeth Marinheiro, RG Editora/2023, resume a essência de quem dedicou uma vida ao ensino e democratização da Literatura, com profundo conhecimento da teoria literária e ousadia para questionar padrões estabelecidos.
Composto por suas tessituras reescritas, depoimentos de escritores paraibanos sobre ela e ensaios sobre obras de sua preferência, Elizabeth revela nessa obra toda sua irreverência, altivez, clareza e independência perante os estigmas.
Em Tessituras, a autora questiona as rotulagens da crítica literária, que cria fronteiras artificiais entre estilos literários, dando destaque a autores que criaram seus estilos pessoais, isentos de doutrinas; abre espaço para falar sobre o legado da Fundação Artístico-Cultural Manoel Bandeira (FACMA) e do Núcleo de Estudos Linguísticos e Literários (NELL/UFPB), que ela liderou e tanto contribuiu para a formação de especialistas em linguística e o surgimento de novos escritores; e resgata sua memória afetiva daqueles que marcaram presença na sua trajetória.
Em Depoimentos, os escritores Divanira Arcoverde, Edmundo Gaudêncio, Thélio Farias, Milton Marques Júnior, José Mário da Silva dão uma exata noção sobre o conjunto da obra de Elizabeth Marinheiro, primeira mulher a entrar na Academia de Letras de Campina Grande (ALCG) e na Academia Paraibana de Letras (APL).
Em Ao Longo das Teorias, a ensaista Elizabeth passeia, ao longo das teorias, pelas obras de Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Jorge Amado, João Cabral de Melo Neto, Abelardo Jurema Filho, Virgínius Figueiredo da Gama e Melo, Ramalho Filho, Lindolf Bell, Nelly Novaes Coelho, Ariano Suassuna e Nélida Piñon, realçando a essência dos seus estilos, com muita maestria.
Ainda reserva espaço, nesta última parte, para questionar a “verdade” da linguística e realçar o lugar do conto folclórico e da oralidade na literatura; e parafrasear Manoel Bandeira para deixar umas palavras de saudade do cão Czar.
Uma obra fragmentada; mas de um humanismo e uma densidade próprios dessa escritora, crítica literária e professora paraibana de Campina Grande, Elizabeth Figueiredo Agra Marinheiro, de 87 anos, carinhosamente chamada de Betinha.
Minha reverência!

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